quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Bicicletas !

Começámos, lentamente, a substituir os jogos de futebol diários pelos passeios de bicicleta. Afinal de contas, o ciclismo era na altura, o desporto mais popular em Portugal e fazendo jus a isso, começámos a pedalar todos os dias e cada vez maiores distâncias. Só que éramos um bocado previsíveis nos destinos que escolhíamos, uma vez que íamos sempre parar a Pardilhó! A verdadeira razão foi estritamente hormonal e incluía naturalmente a passagem pela casa de uma certa rapariga que para nosso contentamento ou aparecia à janela ou passava pelo jardim fingindo regá-lo apesar de ter chovido toda a noite anterior. Como ficar por ali à espera não fazia o nosso feitio, regressávamos a Estarreja várias vezes no mesmo dia e também como éramos quatro, o grito Vamos a Pardilhó fazia-se ouvir com frequência. Parece que não mas Pardilhó fica a sete quilómetros e fazer isto várias vezes por dia dá músculo. Para além disso, tínhamos as nossas competições em contra-relógio, onde partíamos com diferenças de cinco minutos entre nós e para variar nos dirigíamos ao centro de Pardilhó, onde dávamos a volta regressando rapidamente a Estarreja. Nunca ultrapassei o meu adversário da frente, nem me lembro de ter sido ultrapassado por alguém, mas aqui e agora juro que dei sempre a volta ao largo em Pardilhó conforme o estabelecido. O vencedor era sempre o mesmo e não é justo questionar agora as suas vitórias. Estas competições exigiam muito da nossa honestidade pois o controle era feito por nós próprios e os nossos relógios não eram cronómetros. Falo pelo meu CAUNY, prenda por ter passado o exame da 4ª classe e mais os dois exames de admissão: ao liceu e à escola industrial. Anos mais tarde, numa outra fase da minha vida, mais junto ao rio e às bateiras, deixei-o cair num poço onde ele apodreceu para sempre.

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