Rio Antuã, onde estás?
Porque li esta notícia relembrei os tempos que passámos juntos quando corrias livremente, cercado pelas árvores que escolhias para fazerem as melhores sombras para o teu leito. De bateira percorri-te vezes sem conta, para cima e para baixo, da Canhota até à Turbina onde mostravas toda a tua pujança.Daí para cima já não era fácil navegar-te.Então havia que ladear-te até à Ilha dos Amores, e perceber porque estava ali uma ilha em rio tão pequeno. Por seres tão pequeno, dominaram-te e tornaram-te uma coisa amorfa e sem graça. Fico triste ao olhar-te,procurei-te sempre e davas-me o que eu queria sem nada pedires. Vivemos juntos e cresci olhando-te de todos os lados. Hoje corres e não pulsas, pareces sem vida e então brincam contigo ou em ti, talvez por te verem tão despojado.Dói-me também ver-te usado em nome de qualquer coisa que não me diz nada e que pouco te respeita. Renasce se puderes, velho amigo!
Etiquetas: alterações climáticas, Idas ao sotão, rios
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